Colapso traqueal em cães: tratamento com sulfato de condroitina a 6%

Colapso traqueal é uma afecção caracterizada por redução dinâmica do diâmetro da traquéia. Resulta do enfraquecimento ou malácia dos anéis cartilaginosos, associado com redundância da membrana dorsal traqueal .

Embora tenha sido descrita pela primeira vez na década de 1940, até os anos 60 sequer era mencionada em livros de clinica de pequenos animais. Seu aspecto mais marcante é a tosse ressonante, também relatada como engasgo tipo ”grasnar de ganso (“goose-honk”). É frequentemente observada em cães de raças pequenas e toys, sobretudo em Poodle Miniatura, Yorkshire Terrier, Chihuahua e Lulu da Pomerânia, mas já foi encontrada em raças de portes médio e grande. Tem sido mais diagnosticada em animais maduros, embora acometa ampla faixa etária, não parecendo haver diferença entre os sexos. O diagnóstico é baseado na sintomatologia e nos exames de imagem, sendo a radiografia de tórax de utilidade fundamental na pratica clínica. Sua fisiopatologia resulta da diminuição da celularidade, da concentração local do sulfato de condroitina e da glicoproteina da matriz cartilaginosa, levando a redução da água e perda da sua rigidez. Sua gênese primária é relacionada com alterações degenerativas secundárias a doença crônica das pequenas vias aéreas e/ou poderia ser resultante de anomalia da condrogênese modulada por anormalidade genética e nutricional. Assim, gradientes de pressão que ocorrem no tubo traqueal durante a respiração, levam ao colapso dinâmico da traquéia. O resultado final é o achatamento do anel cartilaginoso tipicamente no sentido dorso-ventral, com formato em “C”. Além disso, a tensão aumentada no músculo traquealis dorsalis leva ao estiramento da membrana dorsal levando a sua protrusão para o lúmen. As flutuações de pressão durante o ciclo respiratório perpetuam a disfunção das vias aéreas, provocam trauma mecânico na mucosa durante as crises de tosse, exacerbam o edema e a inflamação, constituindo uma verdadeira doença das vias aéreas. Há deficiência de atividade mucociliar, o que predispõe a dificuldade de drenagem de secreções e a infecção. Não raro, cianose e síncope podem resultar das crises de tosse e da hipóxia respiratória. Quando é de longa duração e de maior severidade, alterações cardiovasculares podem aparecer em conseqüência da hipertensão pulmonar. O tratamento cirúrgico somente é indicado, obtendo-se os melhores resultados com o implante de stents intraluminais, porém seu emprego ainda é restrito pelo alto custo e também pelas eventuais complicações pós- operatórias. Quanto ao tratamento farmacológico, diversas drogas como broncodilatadores, antitussígenos, corticóides e antibióticos tem sido utilizados obtendo-se bom grau de melhora nos casos menos graves. Recentemente foi publicado um relato de caso em que foi empregado o sulfato de condroitina com resultado satisfatório. O objetivo do presente estudo é relatar os resultados do uso isolado do sulfato de condroitina a 6% em 26 cães com colapso traqueal.

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